MAURICIO E PALOMA

Entrevistas com jovens

CASAMENTO e TRABALHO

Mauricio tem Síndrome de Down.
Paloma tem um comprometimento intelectual sem causa definida.
Os dois estudam em escola especial.

E aí? Acabou a história?

Na verdade, foi aí que a história começou. Se conheceram, se apaixonaram e se casaram.
"Como?", vocês perguntariam. Com o apoio das duas famílias, é a resposta. Vera e Karin, as mães (e agora, também sogras) perceberam que os dois se gostavam, que estavam felizes juntos e resolveram ouvir seus pedidos de morarem juntos, contrariando a tendência de subestimar ou ignorar um desejo como esse vindo de duas pessoas com dificuldades intelectuais.

As duas famílias se organizaram e começaram a construção de uma casa pré-fabricada nos fundos da casa de mãe de Maurício. Casa que parece de brinquedo, mas é de verdade. Um loft que abriga quarto do casal, sala e banheiro, além da cozinha equipada com micro-ondas, eletrodomésticos, chapas de sanduíche e geladeira que eles mesmos definem com o que e quando abastecer.

O café da manhã é por conta deles. Depois vão para a escola, onde estudam todas as manhãs. O almoço é na casa da mãe de Paloma, e no período da tarde, é hora de trabalhar: ao lado da casa deles, o padrasto de Maurício (o maior motivador dessa bela história) montou um escritório onde eles, devidamente uniformizados, fazem seu artesanato até às 17 horas. Jantam com a mãe de Maurício e vão para casa para fazerem as tarefas de casa e da escola, assistirem DVDs e dormir.

Mostram orgulhosos a casa bem cuidada, os armários invejavelmente organizados, o rodízio de quem lava e de quem enxuga a louça. A visita inclui uma olhada no álbum de casamento, retratos de uma festa inesquecível.

Agora você pode estar me fazendo uma outra pergunta: "que autonomia é esta?" E eu lhe respondo: é a autonomia que eles podem ter. É a autonomia que eles merecem e têm direito de ter.