ESTIMULAÇÃO

ESTIMULAÇÃO OU INTERVENÇÃO PRECOCE

Entende-se por estimulação ou intervenção precoce o conjunto de intervenções dirigidas à população infantil de 0 a 6 anos, à família e ao entorno, que têm por objetivo dar resposta o mais cedo possível às necessidades transitórias ou permanentes que apresentam as crianças com transtornos em seu desenvolvimento ou que tenham o risco de vir a ter esses transtornos.

Essas intervenções devem considerar a globalidade da criança e devem ser planejadas por uma equipe de profissionais de orientação inter ou transdiscipinar (Libro Blanco de la Atención Temprana)

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

O desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida caracteriza-se por uma aquisição progressiva de funções muito importantes, como o controle da postura, a autonomia de deslocamento, a comunicação, a linguagem verbal e a interação social. Tal evolução está estreitamente ligada ao processo de amadurecimento do sistema nervoso, já iniciado na vida intrauterina, e à organização emocional e mental. Requer uma estrutura genética adequada e a satisfação dos requerimentos básicos para o ser humano no nível biológico e no nível socioafetivo.
O desenvolvimento infantil é fruto da interação entre fatores genéticos e fatores ambientais:

- A base genética, que é específica de cada pessoa, estabelece algumas capacidades próprias de desenvolvimento e, até o momento, não é possível modificá-la.
- Os fatores ambientais, que modulam ou mesmo determinam a possibilidade de expressão ou não de algumas das características genéticas. Esses fatores são de ordem biológica e de ordem psicológica e social.

São fatores ambientais de ordem biológica a manutenção da homeostase, o estado de saúde, a ausência de fatores de agressão ao sistema nervoso..., fatores que são considerados condições necessárias para um adequado amadurecimento.

São fatores ambientais de ordem psicológica e social a interação da criança com o seu entorno, os vínculos afetivos que estabelece a partir do afeto e da estabilidade nos cuidados que recebe, a percepção do que lhe rodeia (pessoas, imagens, sons, movimento...). Essas condições, que são necessidades básicas do ser humano, são determinantes no desenvolvimento emocional, funções comunicativas, condutas adaptativas e na atitude perante a aprendizagem.

O sistema nervoso encontra-se em fase de amadurecimento e importante plasticidade na primeira infância. A situação de amadurecimento significa uma maior vulnerabilidade às situações adversas do meio e às agressões. Assim, qualquer fator que provoque uma alteração na aquisição normal dos marcos típicos das primeiras etapas evolutivas pode por em perigo o desenvolvimento harmônico posterior. No entanto, a plasticidade também dota o sistema nervoso de uma maior capacidade de recuperação e reorganização orgânica e funcional, o que diminui de maneira importante nos anos posteriores.

A evolução das crianças com alterações em seu desenvolvimento depende, em grande medida, do momento da detecção das alterações e do momento de início da Intervenção Precoce. Quanto menor seja esse tempo de privação dos estímulos, melhor é o aproveitamento da plasticidade cerebral e, potencialmente, menor será o atraso. Nesse processo, é crucial o envolvimento da família, elemento indispensável para favorecer a interação afetiva e emocional, bem como para a eficácia dos tratamentos.

TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento é o processo dinâmico de interação entre o organismo e o meio, que tem como resultado o amadurecimento orgânico e funcional do sistema nervoso, o desenvolvimento de funções psíquicas e a estruturação da personalidade.

Um transtorno do desenvolvimento deve ser considerado como um desvio significativo do “caminho” do desenvolvimento, como conseqüência de acontecimentos de saúde ou de relação que comprometam a evolução biológica, psicológica e social. Alguns atrasos no desenvolvimento podem compensar-se ou neutralizar-se de forma espontânea, sendo freqüentemente a intervenção determinante para a provisoriedade do transtorno.

RISCO BIOLÓGICO-SOCIAL

Considera-se com risco biológico aquelas crianças que durante o período pré, peri ou pós-natal, ou durante o desenvolvimento inicial, estiveram submetidas a situações que poderiam alterar o seu processo de amadurecimento, como a prematuridade, o baixo peso ou a anoxia ao nascer.

As crianças com risco psicossocial são aquelas que vivem em condições sociais pouco favorecedoras, como a falta de cuidados ou de interações adequadas com seus pais e família, maus tratos, negligências, abusos, que possam alterar seu processo de amadurecimento.

CARÁTER GLOBAL

No planejamento da intervenção, devem ser considerados o momento evolutivo e as necessidades da criança em todos os âmbitos e não somente o déficit ou a deficiência que possa apresentar. Na Intervenção Precoce, há que se considerar a criança em sua globalidade, tendo em conta os aspectos interpessoais, biológicos, psicossociais e educativos, próprios de cada indivíduo, e os interpessoais, relacionados ao seu próprio entorno, à família, à escola, à cultura e ao contexto social.

EQUIPE INTERDISCIPLINAR

A equipe interdisciplinar é aquela formada por profissionais de distintas disciplinas, na qual existe um espaço formal para compartilhar a informação, as decisões são tomadas a partir da mesma e existem objetivos comuns.

EQUIPE TRANSDISCIPLINAR

A equipe transdisciplinar é aquela em que seus componentes adquirem conhecimento de outras disciplinas correlatas e as incorpora em sua prática. Somente um profissional da equipe assume a responsabilidade da estimulação à criança e/ou o contato direto com a família.
(Libro Blanco de la Atención Temprana, 2000. Mº. de Trabajo y Asuntos Sociales, Espanha).

 

Tradução para Canal Down21: Juliana Santos